domingo, 24 de novembro de 2013

Morrer, viver, ser, encontrar-se, e essas coisas todas que nos importam e não nos importa.

Um dia ele morreu. E, quando ele morreu, finalmente ficou satisfeito. O corpo miúdo em que se encontrava anteriormente começava a perecer. Morreu cedo, morreu tarde, existem controvérsias e vários pontos de vista. Ele não se importava. Ele REALMENTE não se importava. E nenhum de vocês sabe como é não dar a mínima para si. Ele finalmente pôde desdobrar sua alma e encontrou o infinito. Ele era quem ele queria ser, era o que ele poderia ser, era o que ele nunca imaginou que seria, e por incrível que pareça não houve desapontamento, pois ele não tinha mais nome, não carregava nenhum rótulo, e os preconceitos não existiam, o conceito era reformulado de segundo em segundo, ao ponto que nem conceitos poderiam mais existir. E ele sabia de tudo sobre mundo e não sabia nada. Descobriu milhões de coisas, guardou elas nos buraquinhos que aquele corpo peçonhento fez na alma, encheu-se. E de tanto se encher, expandia-se mais e mais. Ele sabia que poderia ser o próprio infinito. Sabia que era isso que se tornaria.
Atordoado, percebeu por fim que por si já estava finito. Percebeu que havia mais nada a se fazer consigo. Mas era algo inerente a sua alma ser infinito. O que poderia estar faltando? De longe observou a Terra novamente. Como havia sentido raiva daquele lugar…  Como sabia que lá não era onde ele pertencia… Mas algo havia sido deixado lá. Sim… Era isso… A sua alma… Uma alma grande como o infinito não caberia em um corpo só. Fora dividida.
Existia mais alguém com sua alma. Alguém igual a ele. Alguém…
Mas… Então… Aquele sentimento de vazio, de não pertencer, de algo além… Era a falta de si. De encontrar-se. Procurando em si algo que nunca poderia achar, ele foi infeliz. E como uma luz de amanhecer entrando por sua janela, ele soube que bastava achar-se em outro alguém para ser feliz.
E nenhum de vocês sabe como é se importar consigo. Num impulso (parecido com a morte), decidiu voltar. Deveria achar sua outra parte. Dobrou-se mil vezes e foi.


Num choro agudo. Em 1995.

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