sábado, 11 de janeiro de 2014

Sinto muito.

E tu sabe o que eu sinto, moça? Sinto nada.
Aliás, sinto.
Sinto tua indiferença e teu ódio por todas as coisas que eu faço. Sinto tua paixão incondicional por mim também. Sinto tua repulsa e atração, teu tesão e tua frigidez. Sinto tua pena, teu orgulho, teu sofrimento e tua felicidade ao me ver. Sinto milhões de coisas tuas que me afetam e me corroem. E essas coisas tuas dissiparam todos os meus sentimentos, me arrancaram a casca e trituraram meu miolo.
Sinto também dor de cabeça. Enxaqueca. Febre, tontura, náusea. Irritação no estômago. Sinto o peso da responsabilidade por ter te cativado, raposa. Por ser tão difícil e cansativo te manter bem, não me restaram forças. E tuas lágrimas são minha culpa, eu sinto, teu sorriso, tua agonia e teu prazer também. Presa na pior gaiola, pássaro, assim como eu, prefere morrer. Debatendo-se, na angústia de se libertar. E uma vez que a gaiola abrir, pássaro não vai voltar. O alpiste de amor que tu dás, serve para forrar o estômago cheio de úlceras, mas não alimenta. Ele é suficiente para me manter viva, porém desnutrida.
E sinto a dificuldade que meu sorriso tem para abrir agora. E os abraços que antes eram confortáveis, agora só estranhos são. Horas mudas, por não se ter o que conversar. Beijos frios, por não ter o porquê de beijar. Mãos sozinhas e geladas.
Aparentemente, você não sente o mesmo.
É isso, moça, sinto muito.

Nenhum comentário:

Postar um comentário